Alternância de estados de depressão com fases de humor normal e outros períodos de humor exacerbado. Esta é a principal característica das pessoas com transtorno bipolar, distúrbio que acomete mais de 140 milhões habitantes no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), e que deve ser identificado e tratado para que não interfira nas relações pessoais e no ambiente de trabalho. O alerta é da psiquiatra da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Rose Viviane Bezerra.
A especialista ressalta que a bipolaridade tem causas genéticas associadas a estressores ambientais. A recomendação é que as pessoas com suspeita do distúrbio procure ajuda médica especializada em saúde mental, seja com psiquiatras, psicólogos ou mesmo um atendimento multidisciplinar. Isso porque a bipolaridade causa mudanças extremas de humor, que afetam, inclusive, a capacidade de levar adiante tarefas do dia a dia.
“Além das manifestações clássicas que dão o nome da patologia, na qual há oscilação entre dois polos do humor, sendo polo o de mania ou hipomania marcado pela elação do humor, aumento da energia, redução da necessidade de sono, comportamento hiperssexualizado, aumento de gastos, irritabilidade, impulsividade e até quadro de alucinações e delírios; o pólo depressivo, com humor rebaixado, redução da energia, tristeza persistente e perda de interesse e prazer em atividades que habitualmente são do interesse do indivíduo; há também muitas manifestações intermediárias e mistas, podemos assim dizer. Muitas vezes, a pessoa pode apresentar alterações comportamentais, que podem durar dias, semanas”, explica a psiquiatra da Sesau.
Rose Viviane Bezerra também salienta que o polo da mania ou hipomania da bipolaridade, cujo paciente apresenta alterações de humor mais intensas e extravagantes, tende a ser considerada mais grave, muitas vezes demandando atendimento de urgência. Em alguns casos, o paciente persiste por muito tempo no pólo depressivo, o que pode retardar em anos um diagnóstico adequado, trazendo um acúmulo de prejuízos ao indivíduo a longo prazo. Por isso é importante estar atento às mudanças de comportamento para oferecer um diagnóstico preciso e um tratamento adequado o mais precoce possível. "Muitas vezes alguém com transtorno bipolar desenvolve um quadro mais severo de depressão com pouca resposta insatisfatória aos tratamentos farmacológicos e essas pessoas precisam de tratamento adequado”, ressalta a profissional. Expectativa de Vida
Estudos científicos verificaram que pessoas diagnosticadas com transtorno bipolar têm expectativa de vida reduzida em até nove anos, comparadas com a população em geral. Ainda segundo pesquisas publicadas em revistas científicas, a taxa de suicídio entre indivíduos com bipolaridade é cerca de 20 vezes maior do que na população em geral. Por isso, é importante o diagnóstico e o tratamento adequado.
“Após o devido diagnóstico, nós podemos iniciar o tratamento ideal, que varia de acordo com o quadro do paciente. Antes disso, o mais prudente é que ao se observar alterações no comportamento de alguém, procure-se a ajuda de um profissional capacitado para que o atendimento correto seja realizado e a pessoa possa voltar para atividades que tenha interrompido e consiga ter maior qualidade de vida e retomar suas atividades”, orienta a psiquiatra. Vale destacar que o transtorno bipolar não tem cura, mas o tratamento pode ajudar a pessoa com o distúrbio a manter sua qualidade de vida. Como a bipolaridade é considerada um fator de risco para o comportamento suicida, o tratamento deve ser constante para a prevenção da oscilação e evitar crises. É possível encontrar atendimento adequado por meio da Rede Pública de Saúde em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), espalhados pelos municípios de Alagoas